AGE de 12 de Setembro Discurso de saudação aos 75 anos da ANE proferido pela Acadêmica Paula Alexandra Canas de Paiva Nazareth - Cátedra 147
"Boa tarde, Exmo. Senhor
Presidente, senhoras acadêmicas, senhores acadêmicos, confrades e confreiras,
senhoras e senhores presentes.
É uma honra estar aqui hoje,
participando dessa homenagem aos 75 anos da Academia Nacional de Economia. E me
sinto ainda mais honrada pelo convite do nosso presidente, Acadêmico Arlindo
Pereira da Silva, para proferir estas palavras. Quero começar falando do
orgulho de integrar a Academia, de poder fazer parte dessa história e conviver
com tantas pessoas importantes para a vida econômica e social e para a história
do nosso país. Isto, em um ambiente em que vejo respeito pelo outro, em que se
preza o conhecimento, a convivência com opiniões diferentes, em que se valoriza
a democracia e a liberdade de pensamento e opinião. E nesse momento solene
creio que é fundamental reconhecer e aplaudir o caráter democrático e plural da
Academia Nacional de Economia; plural nas origens e formações diversas de seus
integrantes, em seus respectivos temas de interesse e áreas do conhecimento. Essa diversidade é que possibilita que a nossa ANE cumpra com sua finalidade
básica: concorrer para o progresso e desenvolvimento das Ciências Econômicas,
Políticas e Sociais, por meio do estudo e da discussão dos assuntos
concernentes aos seus fins, responder às autoridades e às instituições públicas
e privadas sobre consultas formuladas, informar e reclamar providências de
utilidade em relação à Sociedade e à Economia brasileira e, por extensão,
mundial. E vejo como sendo da máxima utilidade, hoje, estudar e discutir nossas
maiores mazelas, buscando superá-las. Nesse sentido, arrisco destacar como mais
crítica, a distribuição desigual da renda e da riqueza entre pessoas, entre
grupos sociais, entre regiões do país, entre os entes da federação, entre
estados e municípios, que agravam a elevada desigualdade social e econômica,
característica do Brasil. Essa triste marca é ainda mais aguda em nosso Estado
e em nossa Cidade. Se vê a cada dia na população que se aglomera nas ruas, nas
empresas e lojas fechadas sendo substituídas pelo crescimento da informalidade,
no empobrecimento generalizado e na ausência de bens e serviços públicos, especialmente
na periferia metropolitana... poderá ser objetado que nada disso é novo; de
fato; mas o risco é nos acostumarmos com essa realidade, como forma de
sobrevivência cotidiana, sem nos darmos conta do maior de todos os perigos: que
será de nossos filhos e netos? que futuro terão? O que estamos fazendo hoje com
nossas crianças e jovens? E com as nossas mulheres, a cada dia mais atingidas
por diferentes formas de uma violência crescente – seja doméstica, sexual,
profissional... O que podemos – e devemos – fazer para mudar esse quadro? Como
colocar nosso país no caminho do desenvolvimento, com crescimento econômico e
inclusão social, com igualdade de oportunidades para homens e mulheres, índios,
brancos e negros, jovens e idosos, estrangeiros que escolheram aqui residir;
com uma indústria forte capaz de sustentar um crescimento vigoroso e
sustentável; com uma justiça resolutiva; com serviços públicos e infraestrutura
de qualidade, garantindo a preservação de nossas riquezas naturais e a
qualidade de vida das futuras gerações de brasileiros e brasileiras.
Como enfrentar os desafios já
conhecidos da desigualdade entre as pessoas; da pobreza; das ameaças ambientais
agravadas pela miséria; da falta de condições dignas de vida e moradia; da
violência urbana; da falta de uma educação de qualidade, que afeta a
produtividade e a competitividade de nossos produtos; e o que dizer dos novos
desafios trazidos por tecnologias disruptivas que subvertem processos
produtivos, que exigem pessoas e empresas preparadas para lidar com o novo, com
um futuro que já chegou, com a inteligência artificial, os robôs que ameaçam as
oportunidades de emprego.... Mas esses e tantos outros desafios só poderão ser
efetivamente enfrentados e vencidos, se forem conhecidos. Penso – e peço desculpas,
Exmo sr. Presidente, meus confrades e
confreiras, por favor, me corrijam se estiver errada – penso que é precisamente
aí que reside o papel de maior relevância para a nossa ANE: promover e fomentar
a reflexão e análise da atual conjuntura, com base em evidências, com o uso da
ciência e da informação para subsidiar o diagnóstico e um planejamento
estratégico fundamental e decisivo para a construção de um futuro melhor para o
Brasil e o povo brasileiro.
Assim, parabenizando a ANE pelos
seus 75 anos, o nosso Presidente, os srs. confrades e confreiras, cumprimento
os presentes, agradecendo mais uma vez a oportunidade que me foi concedida e
fecho minha fala com a leitura do art.10 - § 6º do nosso Estatuto:
“A Academia crê que o
conhecimento dos sintomas do progresso e da decadência, do crescimento
socioeconômico e da estagnação, é a chave mestra das Ciências Econômicas,
Políticas e Sociais. E que a ênfase comum que se dá nas demais ciências às
categorias e à divisão do todo em pequenos grupos distintos não é válida porque
as Ciências Econômicas, Políticas e Sociais fundem vários elementos distintos,
com o sucesso de cada uma ficando na dependência da habilidade com que se faça
a mistura.”
Muito obrigada!" |